Seja bem-vindo a esse espaço no qual se pretende multiplicar conhecimentos pertinentes ao continente africano e de sua diáspora no Novo Mundo. É reconhecida a necessidade das trocas de saberes e a socialização do conhecimento na área da História, com vistas ao desenvolvimento das atividades de ensino e pesquisa na busca da inclusão de temas que contribuam para a compreensão da multiplicidade das experiências humanas e a criticar estereótipos organicamente naturalizados.



domingo, 18 de abril de 2010

Tráfico de Informações: Documentário resgata a cultura de quilombo mineiro


Pedro de Almeida, conhecido como Pedro de Alexina, vive no Quartel do Indaiá, antigo quilombo na região de Diamantina, Minas Gerais. Descendente de escravos, cabelos brancos, 81 anos, garimpeiro, ele é apresentado ao espectador na primeira cena de “Terra Deu, Terra Come”, encomendando o corpo de João Batista, morto aos 120 anos.
A partir daí, e ao longo de 88 minutos, vamos acompanhar o velório, o cortejo fúnebre e o enterro do velho homem. Perto da cova, Alexina vai borrifar cachaça no corpo e explicar ao morto: “O que você queria taí. Nós não bebeu ela não, a sua taí. Vai e não volta pra me atentar por causa disso não. Faz sua viagem em paz”.

Desde o início, fica claro para o espectador que todos ali, naquele vilarejo pobre e muito simples, sabem que estão sendo filmados. Diante da câmera do diretor Rodrigo Siqueira, Pedro de Alexina conta histórias, lendas e evoca fantasmas. Parece um personagem saído da obra de Guimarães Rosa, atormentado pela lembrança de um tio, com quem trabalhou, que enterrou um diamante antes de morrer. “A terra deu, a terra come”, diz, resignado com a impossibilidade de encontrar o tesouro.
Objetivamente, o documentário tem o propósito de registrar os vissungos – cantigas fúnebres, em dialeto banguela, cantadas nos séculos 23 e 19, que Pedro de Alexina parece ser um dos últimos a ainda conhecer.
Mas “Terra Deu, Terra Come” vai muito além, ao deixar fluir a cumplicidade existente entre Rodrigo Siqueira e o velho garimpeiro. Estamos diante de um documentário ou de uma ficção? O filme supera esta barreira e oferece a possibilidade de compartilharmos do pacto entre o diretor e o personagem. Sem saber o que é real e o que é ficção na representação daquele velório, o espectador embarca numa viagem fascinante.
“Terra Deu, Terra Come” integra a mostra competitiva do festival É Tudo Verdade. O filme tem sessões nesta sexta-feira, às 21h, no Espaço Unibanco, e no sábado, às 15h, no mesmo cinema.



fonte:http://vimeo.com/10589786

Um comentário:

  1. É um filme que eu gostaria de ver, vou torcer para que haja novas exibições.

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