Seja bem-vindo a esse espaço no qual se pretende multiplicar conhecimentos pertinentes ao continente africano e de sua diáspora no Novo Mundo. É reconhecida a necessidade das trocas de saberes e a socialização do conhecimento na área da História, com vistas ao desenvolvimento das atividades de ensino e pesquisa na busca da inclusão de temas que contribuam para a compreensão da multiplicidade das experiências humanas e a criticar estereótipos organicamente naturalizados.



segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Coleção História Geral da África em português

8 volumes da edição completa.

Brasília: UNESCO, Secad/MEC, UFSCar, 2010.

Resumo: Publicada em oito volumes, a coleção História Geral da África está agora também disponível em português. A edição completa da coleção já foi publicada em árabe, inglês e francês; e sua versão condensada está editada em inglês, francês e em várias outras línguas, incluindo hausa, peul e swahili. Um dos projetos editoriais mais importantes da UNESCO nos últimos trinta anos, a coleção História Geral da África é um grande marco no processo de reconhecimento do patrimônio cultural da África, pois ela permite compreender o desenvolvimento histórico dos povos africanos e sua relação com outras civilizações a partir de uma visão panorâmica, diacrônica e objetiva, obtida de dentro do continente. A coleção foi produzida por mais de 350 especialistas das mais variadas áreas do conhecimento, sob a direção de um Comitê Científico Internacional formado por 39 intelectuais, dos quais dois terços eram africanos.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Curso de Especialização Lato Sensu em Ensino de Histórias e Culturas Africanas e Afro-Brasileira

O IFRJ Campus São Gonçalo prorrogou as inscrições até 14 de dezembro do Edital n° 89/2010 para o Curso de Especialização Lato Sensu em Ensino de Histórias e Culturas Africanas e Afro-Brasileira.

O Curso de Especialização Lato Sensu em Ensino de Histórias e Culturas Africanas e Afro-brasileira tem como finalidade contribuir para a formação continuada dos professores e profissionais ligados à educação capazes de atuar no ensino e na pesquisa com vistas à implementação de uma política educacional que reconhece a diversidade étnico-racial do país, seguindo as determinações da lei 10.639/03 que torna obrigatório o ensino das histórias e culturas africanas e afro-brasileira em todos os níveis e modalidades da educação básica.
Pretende-se também contribuir na formação de profissionais autônomos e inovadores, capazes de projetar e realizar melhorias em seus campos de atuação, de propor novas metodologias e criar novas estratégias pedagógicas para a educação das relações étnico-raciais, no intuito de reduzir a distância existente entre as realidades da produção acadêmica contemporânea e do cotidiano da sala de aula.

Características do curso
O Curso tem a duração prevista de um ano e seis meses, incluindo o tempo de elaboração da monografia, prorrogáveis, a critério do Colegiado do Curso, por mais seis meses.
A sua carga horária é de 390 horas e suas aulas serão ministradas às terças-feiras e às quintas-feiras, das 18h 30min às 22h 30min, e um sábado por mês, das 8 às 12 horas, no Campus São Gonçalo do IFRJ.

Processo seletivo e periodicidade
O curso possui uma entrada por ano, com início no 1º semestre do ano. São oferecidas 20 vagas por turma. O processo seletivo, que é regulamentado por edital específico, ocorre em três etapas: prova escrita, análise de currículo e exposição oral. Podem participar do processo seletivo os profissionais que tenham concluído um curso de graduação, preferencialmente nas áreas relacionadas à Educação.
O início das aulas está previsto para 8 de fevereiro de 2011.

Inscrições: de 08/11/2010 até 14/12/2010
Local: Rua Dr. José Augusto Pereira dos Santos, s/nº, Neves - São Gonçalo
(CIEP 436 Neusa Brizola – ao lado do DETRAN)
Horário das inscrições: das 14H ÀS 20H
Taxa de inscrição no concurso: R$ 70,00
Vagas oferecidas: 20
O curso é gratuito, sem cobrança de taxa de matrícula e mensalidades.

Edital e bibliografias disponíveis em: http://www.ifrj.edu.br/latu.php

Informações adicionais:
Telefone: (021) 2628-0099
Email: semt.csg@ifrj.edu.br

Divulgado por email.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O 20 de novembro e o Movimento Negro no Brasil - Luciana Figueiredo

"Ter consciência negra significa compreender que a luta contra o racismo é longa e árdua, mas que nela devemos depositar a máxima energia possível, para que as futuras gerações de negros possam viver livres das humilhações que marcaram a vida de nossos antepassados e marcam as nossas hoje". (Nilma Bentes)

O dia 20 de novembro foi instituído pela Lei nº 10.639 de 2003 como Dia Nacional da Consciência Negra. A data foi escolhida por ser aniversário da morte de Zumbi dos Palmares. A comemoração da data nas escolas é de fundamental importância dentro da temática de História e Cultura Afro-Brasileira. Neste texto, porém o objetivo é percorrer o caminho trilhado pelo Movimento Negro Brasileiro até a consolidação da data. Damos destaque a quatro momentos importantes do movimento negro que deram visibilidade a essa causa, são eles: o Grupo Palmares, o Movimento Negro Unificado, o Memorial Zumbi e a Marcha Zumbi dos Palmares.

Grupo Palmares

A idéia de comemoração surgiu com o Grupo Palmares de Porto Alegre em 1971. O nome do grupo foi dado de início porque esses jovens negros já reconheciam Palmares como “ a parte mais importante da história do negro no Brasil” (SILVEIRA, apud Alberti; Pereira, 2007. p. 134). Esse grupo de negros reunia-se periodicamente e buscava uma alternativa ao 13 de maio, dia da Abolição da Escravatura. Uma influência da época foi o fascículo Zumbi, o número 6 da série Grandes Personagens da Nossa História, da Abril Cultural, datado de 1969.
“Essa publicação fortaleceu no freqüentador Oliveira Silveira a idéia de que Palmares fosse a passagem mais marcante na história do negro no Brasil. Um século de liberdade e luta contra o escravismo imposto pelo poder colonial português era coisa muito significativa e animadora. E lá estava o dia 20 de novembro de 1695, data da morte heróica de Zumbi, último rei e líder dos Palmares, marco assinalando também o final objetivo do Estado e país negro” (SILVEIRA, 2003, p.25).
A primeira reunião data de 20 de julho de1971, o objetivo era formar “um grupo cultural com espaço para estudos e para as artes, notadamente literatura e teatro” (SILVEIRA, 2003, p. 25). Este grupo programou homenagens a Luiz Gama e José do Patrocínio, além de Zumbi dos Palmares. De acordo com Silveira
“parece lícito dizer que estava delineada uma precária, mas deliberada ação política no sentido de apresentar, à comunidade negra e à sociedade em geral, alternativas de datas, fatos e nomes, em contestação ao oficialismo do 13 de maio, abolição formal da escravatura, princesa dona Isabel”. (p. 27)
A homenagem a Zumbi ocorreu no dia 20 de novembro de 1971 e foi o primeiro evento comemorativo referente a Zumbi dos Palmares.
“No evento, dia 20, usando técnica escolar, os participantes do
grupo se espalharam no círculo, entre a assistência, e contaram a história de Palmares e seus quilombos com base nos estudos feitos, defendendo a opção pelo 20 de novembro, mais significativo e afirmativo na confrontação com o treze de maio.” (p. 28).
De 1972 a 1977, outros eventos foram realizados em comemoração ao 20 de novembro. De acordo com Silveira, essa primeira fase do Grupo Palmares encerra-se em 1978. O dia 20 de novembro, porém, já havia sido assimilado e incorporado a luta do movimento negro.
Em 1974 o Grupo Palmares publicou um artigo no Jornal do Brasil sugerindo “que o dia 20 de novembro, lembrando o assassinato de Zumbi e a queda do Quilombo dos Palmares, passasse a ser comemorado como data nacional, contrapondo-se ao 13 de maio. Argumentava que a lembrança de um acontecimento em todos os sentidos dignificante da capacidade de resistência dos antepassados traria uma identificação mais positiva do que a Abolição da Escravatura, até então vista como uma dádiva de cima pra baixo, do sistema escravista e de sua Alteza Imperial”. (NASCIMENTO, 2008. p. 89)

Movimento Negro Unificado


O Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial realizou o seu primeiro ato público em 7 de julho de 1978. Essa primeira manifestação reuniu cerca de 20 mil pessoas nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo.
O nome foi posteriormente simplificado para Movimento Negro Unificado (MNU) e foi resultado da reunião de vários grupos em resposta a situações de discriminação racial ocorridas em São Paulo. Sob a influência do movimento negro norte-americano e das lutas de libertação africanas, este movimento se caracterizou por um embate mais direto, realizando atos públicos e elaborando panfletos reivindicatórios. De acordo com Barbosa
“o MNU, fortalecendo a proposta do início da década de setenta, do Grupo Palmares de Porto Alegre, decidiu na Assembléia Nacional do MNU, em Salvador – BA, no dia 4 de novembro de l978, transformar o 20 de Novembro, no DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA, data da morte de Zumbi, um dos principais comandantes do Quilombo dos Palmares, um exemplo de luta e dignidade para os negros e todos os brasileiros”.
O dia 13 de maio, até então data comemorativa da Abolição foi transformado em Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo.
Disputas internas enfraqueceram o movimento que, mesmo assim, continou existindo e ainda influenciou a criação de diversas organizações regionais do movimento negro.

Memorial Zumbi

Na década de 1980 surgiu o Memorial Zumbi “organização que reunia inúmeras entidades do movimento negro no esforço coletivo de recuperar [...] as terras da Serra da Barriga, local da República dos Palmares.” (NASCIMENTO, 2008. p. 156)

O Memorial surgiu a partir da iniciativa de criação do Parque Nacional Zumbi dos Palmares no local onde existiu o Quilombo dos Palmares em Alagoas. Integrantes do movimento negro, entre eles Abdias do Nascimento, Lélia Gonzales e Joel Rufino dos Santos, foram convidados a opinar, então o Parque, que inicialmente serviria somente como um projeto turístico, passou a ter um caráter histórico e cultural muito mais amplo contando inclusive com a participação ativa da comunidade negra.
A década de 1980 foi de conquistas do Movimento Negro:
“O Memorial Zumbi representava um novo momento na articulação do movimento afro-brasileiro, para além do âmbito de suas organizações locais ou regionais, em torno de uma proposta que reunia todas elas: o reconhecimento da memória de Zumbi dos Palmares como expressão nacional de luta pelos ideais de igualdade, democracia, liberdade e fraternidade tão caros à consciência cívica. A unanimidade em torno da figura de Zumbi e sua significação simbólica se tornaria um marco fundamental da luta do movimento negro nessa época. A vitória se consolidava progressivamente, e o dia 20 de novembro, aniversário do assassinato de Zumbi, foi definido como Dia Nacional da Consciência Negra. Em vários estados e municípios, a data passou a ser comemorada como feriado” (NASCIMENTO, 2008. p. 156).
Nessa época começou a tomar forma propostas de políticas públicas para afro-descendentes, que só se consolidaram na década de 1990 com a criação de órgãos de assessoria de governo em diversos estados.

Marcha Zumbi dos Palmares


Fernando Cruz/Em Tempo – Acervo CSBH

A marcha foi realizada em 20 de novembro de 1995 com o objetivo de comemorar os 300 anos da morte de Zumbi. Essa marcha - idealizada pelo militante do movimento negro Edson Cardoso - com destino a Brasília reuniu integrantes do movimento negro, do movimento de mulheres negras, de sindicatos e comunidades negras rurais.
Os ativistas entregaram ao então Presidente Fernando Henrique Cardoso um documento contendo várias proposições e, no mesmo dia, foi criado o Grupo de Trabalho Interministerial para Valorização da População Negra.
"Acho que, depois do centenário da Abolição, das marchas que fizemos por conta do centenário, a Marcha Zumbi dos Palmares pela Cidadania e a Vida, de 1995, foi o fato político mais importante do movimento negro contemporâneo. Acho que foi um momento também emblemático, em que nós voltamos para as ruas com uma agenda crítica muito grande e com palavras de ordem muito precisas que expressavam a nossa reinvindicação de políticas públicas que fossem capazes de alterar as condições de vida de nossa gente. Foi um processo rico, extraordinário. Eu fiz parte da coordenação executiva da Marcha naquela oportunidade, e a executiva foi recebida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Naquele ato, ele assinou o decreto de criação do Grupo de Trabalho Interministerial para pensar políticas públicas para a população negra. Dali surgiram, digamos, as iniciativas que o governo Fernando Henrique acabou tendo em relação à temática racial, que resultaram em políticas de cotas para alguns ministérios e tudo o mais." (CARNEIRO, apud PEREIRA. p. 238)

Considerações finais

O Dia Nacional da Consciência Negra surgiu como forma de auto-afirmação dos negros brasileiros. Lembrar o caminho traçado pelos militantes do Movimento Negro em favor da comemoração do dia 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra é uma forma de valorizar a nossa história. Se hoje, pouco a pouco, a nossa cor se faz presente em propagandas, se discutimos políticas de ação afirmativa e temos, ainda que incipiente, o Estatuto da Igualdade Racial, tudo isso é resultado de uma luta que vem de longe e se materializa aos poucos em nossa sociedade.

Referências

ALBERTI, Verena; PEREIRA, Amilcar Araujo (Orgs.). História do movimento negro no Brasil: depoimentos ao CPDOC. Rio de Janeiro: Pallas, CPDOC-FGV, 2007.

BARBOSA, Milton. Movimento Negro Unificado: 27 anos de luta. Disponível em: http://www.tribunalpopular.org/?q=node/163

DOMINGUES, Petrônio. Movimento negro brasileiro: alguns apontamentos históricos. Revista Tempo, v. 12, n. 23. p. 100-122. Disponível em: http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/1670/167013398007.pdf

NASCIMENTO, Beatriz. O conceito de quilombo e a resistência afro-brasileira. In: NASCIMENTO, Elisa Larkin. Cultura em movimento: matrizes africanas e ativismo negro no Brasil. São Paulo: Selo Negro, 2008. p. 71-91.

NASCIMENTO, Elisa Larkin. O movimento social afro-brasileiro no século XX: um esboço sucinto. In: NASCIMENTO, Elisa Larkin. Cultura em movimento: matrizes africanas e ativismo negro no Brasil. São Paulo: Selo Negro, 2008. p. 93-178.

PEREIRA, Amilcar Araujo. O mundo negro: a construção do movimento negro contemporâneo no Brasil (1970-1995). Tese (Doutorado)- Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Departamento de História, 2010.

SILVEIRA, Oliveira. Vinte de novembro: história e conteúdo. In: SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves e; SILVÉRIO, Valter Roberto (Orgs.). Educação e ações afirmativas: entre a injustiça simbólica e a injustiça econômica. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2003. p. 21-42. Disponível em: http://www.acaoeducativa.org.br/downloads/educaacoes_afirmativas.pdf

Sites

http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/consciencianegra/home.html

http://www.suapesquisa.com/datascomemorativas/dia_consciencia_negra.htm

http://www.planalto.gov.br/seppir/20_novembro/apres.htm

terça-feira, 16 de novembro de 2010

3º Festival do Filme de Pesquisa: cultura, diáspora e cidadania

Brasil: A consciência negra - Alexandre Braga

A cada ano, no dia 20 de novembro, o Brasil celebra, comemora, protesta e entra definitivamente na sua conscientização negroide, isso quer dizer, celebramos o dia da consciência negra. Alexandre Braga, ativista do movimento, vem contribuir com um texto sobre tal assunto. Esse fato venceu as teses morenistas, que pregavam que seríamos uma nação atrasada por causa da nossa herança africana ou porque uma possível ascendência negra iria nos envergonhar. Todo esse repertório falacioso perdeu força e caiu no desgosto da população, apesar de se passarem tantos anos de exclusão étnica.
Continue lendo em: http://www.pambazuka.org/pt/category/racism/68769

Brasil 2011: Estado festejará ano internacional dos afrodescendentes distribuindo livro racista nas escolas - Eliane Cavalleiro

No dia 20 de novembro, Brasil celebra o dia da consciência negra e este mês sempre é marcado por uma série de debates em torno do tema. Porém, neste ano de 2010, um assunto bastante polêmico vem tomando as páginas das criticas nos veículos de comunicação: a distribuição nas escolas de todo país de um livro de um autor clássico, o Monteiro Lobato, que perpetua aquelas imagens estereotipadas da mulher negra na sociedade brasileira. Em protesto, importantes intelectuais brasileiras,como a Dra. Eliane Cavalleiro, vem debatendo e discutindo em público sobre o absurdo de o governo brasileiro e o ministério da Educação permitir a disseminação do conteúdo de tal livro. Este artigo de Eliane aprofunda a questão para que se aumente a consciência política no país acerca do assunto. Admiramos mesmo é Luiz Gama!
Continue lendo em: http://www.pambazuka.org/pt/category/comment/68727

domingo, 14 de novembro de 2010

Lançamento da Revista Acervo

A proposta é promover um debate com alguns dos articulistas que colaboraram com essa publicação e uma reflexão nos campos da arte, do ativismo político e da religião.

A trajetória de negras e negros, coletiva ou individual, na luta pelo pleno respeito e reconhecimento às suas contribuições materiais e imateriais, definidoras de essências do povo brasileiro, por condições de igualdade na sociedade e pela criação de ações afirmativas em busca de políticas públicas voltadas para os direitos humanos e a valorização da diversidade, serão perspectivas de discussão da mesa-redonda, que também perpassam os artigos que compõem a Acervo O negro na sociedade contemporânea.

Arquivo Nacional - Auditório
Praça da República, 173 - Centro - Rio de Janeiro/RJ

Entrada franca

Programação - 17 NOVEMBRO

14:00horas - Mesa-Redonda "O Negro na sociedade contemporânea"

Coordenação: Carla Lopes

Palestrantes

Roberto Conduru / Professor de História e Teoria da Arte na Uerj / Pró-cientista Uerj/Faperj / pesquisador CNPq / Presidente do Comitê Brasileiro de História da Arte,

Elisa Larkin / Doutora em psicologia-USP/ Mestre em direito e em ciências sociais - Universidade do Estado de Nova Iorque / Co-fundadora e atual diretora presidente do IPEAFRO (Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros)

José Flávio Pessoa de Barros / Doutor em Antropologia - USP / Pós-doutor em Antropologia - Universidade de Paris V / Professor adjunto aposentado da UERJ e da UFRJ.

Gilberto Palmares / Deputado estadual no Rio de Janeiro / coordenador da Escola do Legislativo do Estado do Rio de Janeiro / Presidente da Comissão Especial 120 anos da Abolição da Escravatura

Angélica Basthi / Escritora e jornalista / Mestre em Comunicação e Cultura - UFRJ / Pós-graduada em História da África e Gestão em Direitos Humanos - Universidade Cândido Mendes.

17:00 horas - Apresentação de filmes do acervo do CULTNE - Acervo Digital de Cultura Negra Brasileira

18:00horas - Lançamento da Revista Acervo

19:30horas - Apresentação do Coral de Cânticos Sagrados Africanos Iyun Asè Orin

Fonte: Arquivo Nacional

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Diretoria do Centro Cultural José Bonifácio quer mudança de nome

Considerado o espaço mais importante da cultura afro-brasileira, o Centro Cultural José Bonifácio, localizado numa das primeiras escolas públicas da América Latina, solicitado por D. Pedro II, que ganhou doações para fazer monumentos após a guerra do Paraguai, é tão cheio de histórias e projetos.
Teve como origem o projeto ZUMBI, que existia na Secretaria de Cultura, com o objetivo de levar para as escolas a contribuição do negro no Estado brasileiro. Somente, por volta dos anos de 1986 / 87, esse projeto tomou corpo e logo se via a necessidade de ter um espaço próprio. Foi nessa época que resolveram criar o centro, aproveitando a oportunidade em que o espaço da escola pública fechada desde a década de 70, numa decadência de abandono e ruína, fosse hoje o Centro Cultural José Bonifácio.
De acordo com o gestor do centro cultural, Amaury Oliveira da Silva, o maior erro foi manter o nome José Bonifácio nesse projeto. Pois, atualmente, o grande desafio deste
centro cultural é a mudança de nome e transformar o centro em referência, como centro de documentação e memória, efetivamente em centro de referência da cultura negra.
Mudança de nome porque o Patriarca da Independência, José Bonifácio, que lutou contra a abolição, porém, no sentido de desenvolvimento do país pregava o embranquecimento da
sociedade brasileira através da vinda dos europeus para a mão de obra qualificada. Ele defendia a teoria racista que, naquela época, dizia que o negro não tinha alma e nem
raciocínio. Ou seja, quando Bonifácio incentivava a trazer essa mão de obra européia era no sentido do embranquecimento da etnia. “Dentro da perspectiva de que o negro era quase um animal irracional não faz sentido, hoje, manter o nome José Bonifácio dentro de um centro cultural de referência da cultura negra”, observa Amaury. Por isso, será criada uma comissão, na qual escolherão pessoas ligadas à academia, religiosidade e o saber da cultura, para propor como substituição do nome deste centro.
O centro cultural José Bonifácio tem como objetivo trabalhar dentro da cultura brasileira de matriz africana. Entretanto, há um projeto ainda a ser realizado, na criação de uma lei, que coloca no currículo escolar a importância da contribuição negra na formação do Estado brasileiro. Com isso, haverá um curso de história da África voltado, em geral, para o público e também professores que terão informações necessárias para aplicar no dia-a-dia nas salas de aula.
Nele são oferecidos, gratuitamente, oficinas, entre elas dança afro-brasileira, capoeira angolana e regional, caratê, dança de salão para terceira idade, dança do ventre, oficina artesanato com material de reciclagem, bijuterias, cursos de teatro, escola de música erudita que ensina violino e violão, canto coral e outras. Além disso, a partir de outubro, terá dança de ritmo afro-latina, cursos de desenhos técnicos e, através de algumas parcerias com a Associação de Mulheres Empreendedoras do Brasil e a Ação Comunitária do Brasil do Rio de Janeiro, o centro oferecerá também cursos de almoxarifado e auxiliar de escritório, aulas de percussão, reparos instrumentais e chapelaria para pessoas acima de 16 anos.
No meio de tantos projetos, desafios e objetivos, o centro, situado em um lindíssimo prédio com fachadas de pedras colocadas pelas mãos dos escravos do Brasil Colonial e que possui tombamento histórico reconhecido, deveria ser mais valorizado pelos órgãos competentes, que poderiam restaurar o prédio de forma merecida.
Contudo, os moradores ao redor do José Bonifácio que queiram participar desses projetos, é só comparecer ao centro, aberto todos os dias da semana, com uma foto 3x4,
comprovante de residência e identidade. E para as pessoas que gostariam de conhecer e saber um pouco mais da cultura afro-brasileira, basta agendar uma visita com antecedência para ter o privilegio de uma visita guiada por um dos funcionários que lá trabalham.
Telefone para contato: 2233-7754 ou através do e-mail: ccjbonifacio@pcrj.rj.gov.br.
O Centro Cultural José Bonifácio fica localizado na Rua Pedro Ernesto, 80 – Gamboa.

Fonte: http://www.jornalfolhadocentro.com.br/index4.php?edicao=169&pagina=3&id_noticia=505

IV Encontro de Cinema Negro Brasil

Programação

08 DE NOVEMBRO

CINE ODEON BR

17h
Mesa de Abertura

18h30
O Papel e o Mar - 15’
Luiz Antonio Pillar

Broder - 93’
Jeferson Dê (SP)

09 DE NOVEMBRO

CINE ODEON BR

14h
Mumbi - 7’
Viviane Ferreira (SP)

Black in Berlin - 13’
Sabrina Fidalgo (RJ)

Copa Vidigal - 75’
Luciano Vidigal (RJ)

16h
Cada fio uma história - 7’
Estimativa (RJ)

Milton Meia Dúzia - 12’
Paulinho Sacramento (RJ)

Noitada de Samba - 75’
Cely Leal

ARMAZÉM 6 - Cais do Porto

18h30
Lançamento do Projeto do DVD Memória dos Destaques em curta metragem dos Encontros de Cinema 2007, 2008, 2009 e 2010.

19h30 - Clássicos
Alma no Olho - 11’
Zózimo Bulbul

Retrato em branco e preto - 15’
Joel Zito Araújo

O Papel e o Mar - 15’
Antonio Pillar

Choro e Ladainha - 15’
Antonio Pompeo

Carolina - 14’
Jeferson Dê

Condição Humana - 14‘
Flavio Leandro

20h30 - Novos Realizadores
Mumbi - 7’
Viviane Ferreira (SP)

Rap de Saia - 18’
Janaina Oliveira

Neguinho e kika - 18‘
Luciano Vidigal (RJ)

Milton Meia Dúzia - 12’
Paulinho Sacramento (RJ)

Se todos fossem iguais - 17’
Fernando Barcellos (RJ)

Santas Ervas - 17’
Lincoln Santos

Ilha do rato - 18’
Joselito Crispim (BA)

22h
Festa

OI FUTURO em Ipanema

14h
Anba Fey - 19'
Domenique Duport (Guadalupe)

La Vie Revee de Sarah - 27’
Giscard Bouchette (Haiti)

El viaje más largo - 25’
Rigoberto Lopez (Cuba)
Com a presença diretor Rigoberto Lopez

16h
Mujer - 4’
Jean Jean (Haiti)

Tête Gréné - 86’
Christian Grandman (Guadalupe)
Presença do diretor Christian Grandman

10 DE NOVEMBRO

CINE ODEON BR

10h - Seminário SENEGAL
. A importância da União dos países africanos
. Senegal - 50 anos de independência
. A importância do renascimento africano

Sr. Abdou Salam Sall
Sr. Iba Der Thiam
Sr. Ndawear Touré
Sr. Amadou Lamine Faye
Sr. Mame Biram Diouf
Madiagne Diallo
Ousmane William Mbaye
Mansour Sora Wade
Mama Keita
Léandre Alain Backer
Zózimo Bulbul

14h
Mère-Bi, La Mère - 55’
Ousmane William Mbaye

Dieu a-t-il Quitter L’Afrique? - 52’
Musa Kala Dieng (Senegal)

16h
Ramata - 84’
Léandre Alain Backer (Senegal)

18h
Estreia de Renascimento Africano - 51’
Zózimo Bulbul (RJ)

19h
L’Absence - 84’
Mama Keita (Senegal)

21h
Un homme qui crie - 92’
Mahamat-Saleh Haroun (Chade)

CENTRO CULTURAL JUSTIÇA FEDERAL

14h
ASWAD - Diáspora Africana - 72’
Júlio Tavares
Debate com o cineasta após a sessão

18h30
Oficina de Roteiro com Antonio Molina
Participação: Julio Tavares

OI FUTURO em Ipanema

14h
Abuona - 85’
Mahamat – Seleh Haroun (Chade)
Após a sessão, debate com o cineasta

16h
Daratt - 95'
Mahamat–Saleh Haroun (Chade)
Com a presença do cineasta

11 DE NOVEMBRO

CINE ODEON BR

10h - Seminário AS VÁRIAS ÁFRICAS
. 50 anos de independência da Costa do Marfim
. A libertação de Cabo Verde
. Literatura, cinema e a importância dos roteiros

Idriss Diabate - Costa do Marfim
Guenny Pires - Cabo Verde
Mahamat Seleh Haroun - Chade

13h
Le Raccourci Vers Le Soleil - 60’
Idriss Diabate (Costa do Marfin)

Wole Soyinka - 52’
Akin Omotoso (África do Sul/Nigéria)

15h30
Pour le meilleur et pour l'oignon - 52’
Sani Elhaj Magor (Nigéria)

Contrato - 77’
Guenny Pires (Cabo Verde)

17h30
Le Monologue de la Muette - 45’
Khady Sylla (Senegal)

Saint Louis Blues (Un Transport en commun) - 48’
Dyana Gaye (Senegal)

19h
Alfa Blond - 90’
Antoinette Delafin-Cissé (Costa do Marfim)

21h
Daratt - 95'
Mahamat–Saleh Haroun (Chade)

CENTRO CULTURALJUSTIÇA FEDERAL

14h30
Le Raccouri Vers Le Soleil - 60’
Idriss Diabate

Wole Soyinka - 52’
Akin Omotoso (África do Sul)
Debate com o cineasta Idriss Diabate

OI FUTURO em Ipanema

14h
Mumbi - 7'
Viviane Ferreira (SP)

Renascimento Africano - 53’
Zózimo Bulbul (RJ)

15h
Debate com cineastas
Zózimo Bulbul
Mansour Sora Wade
Madiagne Diallo

16h30
Oficina de roteiro com
Antonio Molina e Zózimo Bulbul

12 DE NOVEMBRO

CINE ODEON BR

10h - Seminário CARIBE
. O Festival Itinerante do Caribe e seus processos
. A Importância do Cinema na Reconstrução do Haiti

Rigoberto Lopez - Cuba
Christian Grandman - Guadalupe

14h
Anba Fey - 19’
Domenique Duport (Guadalupe)

20 anos - 20’
Bárbaro J. Ortiz (Cuba)

Uma Misma Raza - 20’
José Luis Neyra (Cuba)

El viaje más largo - 25’
Rigoberto Lopez (Cuba)

La Vie Rêvée de Sarah - 27’
Giscard Bouchette (Haiti/Fran)

16h
Cousines - 106’
Richard Senecal (Haiti)

18h
Mujer - 4’
Jean Jean (Haiti)

Tête Gréné - 86’
Christian Grandman (Guadalupe)

20h
Ramata - 84’
Léandre Alain Backer (Senegal)

OI FUTURO em Ipanema

14h
Cada Fio Uma História - 7’
Estimativa (RJ)

Bróder - 100’
Jeferson De (SP)
Debate com o cineasta

16h30
Oficina de roteiro com Antonio Molina e Jeferson De

ESPAÇO TOM JOBIM

13h
Mumbi - 7’
Viviane Ferreira (SP)

Renascimento Africano - 53‘
Zózimo Bulbul (RJ)

14h
Milton Meia Dúzia - 12’
Paulinho Sacramento (RJ)

Wole Soyinka - 52’
Akin Omotoso (África do Sul)

15h
Black in Berlin - 13’
Sabrina Fidalgo (RJ)

Ramata - 84’
Léandre Alain Backer (Senegal)

ALERJ

17h30
Palestra/Reparação, Título de
Cidadão Carioca. (Presença do Senegal)

13 DE NOVEMBRO

CINE ODEON BR

10h - Seminário JOVENS BRASILEIROS
. Novos Realizadores
. Novas Mídias e Novos Roteiros
. As Mulheres da Nova Geração do Cinema

Viviane Ferreira (SP)
Sabrina Fidalgo (RJ/Berlim)
Luciano Vidigal (RJ)
Jana Guinond - Estimativa (RJ)
Janaina Oliveira (RJ)

14h
Cada fio uma história - 7’
Jana Guinond e Nina Silva (RJ)

O Que Você Tem na Cabeça? - 19‘
Carlos Maia

Na Real - 5’
Luana Paschoa e Amanda Faustino (RJ)

Amanhecer - 15’
Mariana Campos (RJ)

Black in Berlin - 13’
Sabrina Fidalgo (RJ)

Mumbi - 7’
Viviane Ferreira

A Metralhadora de Selarón - 18‘
Paulinho Sacramento (RJ)

16h
Deus lhe pague - 17’
Miriam Juvino (RJ)

O trem do vale - 37’
Sávio Tarso (MG)

Várzea - 39’
Akins Kinte (SP)

18h
Milton Meia Dúzia - 12’
Paulinho Sacramento

Copa Vidigal - 75’
Luciano Vidigal (RJ)

20h
O Papel e o Mar - 15’
Luiz Antonio Pillar (RJ)

A Metralhadora de Selarón - 18’
Paulinho Sacramento (RJ)

CENTRO CULTURAL JUSTIÇA FEDERAL

14h
Pensando em Cheikh Anta Diop | 26’
Zózimo Bulbul (RJ)

Renascimento Africano - 53'
Zózimo Bulbul
Debate com o cineasta Zózimo Bulbul e o Professor Madiagne Diallo

18h30
Oficina de roteiro com Antonio Molina
e Antonio Pillar

OI FUTURO em Ipanema

14h
Saint Louis Blues (Un Transport en commun) - 48’
Dyana Gaye (Senegal)

16h
Alfa Blond - 90’
Antoinette Delafin-Cissé (Costa do Marfim)

14 DE NOVEMBRO

CINE ODEON BR

14h
Comportamento Humano - 12’
Flávio Leandro (RJ)

Luto como Mãe - 70’
Luis Carlos Nascimento (RJ)

16h
Pedra do Sal - 12’
Juliana Chagas (RJ)

Guerreiro do Samba - 15’
Jocemir Ferreira (RJ)

Chama Imperiana - 19’
Paulinho Sacramento (RJ)

18h
Retrato em branco e preto - 15’
Joel Zito Araújo (RJ)

Noitada de Samba - 75’
Cely Leal (BA)

RODA DE SAMBA

OI FUTURO em Ipanema

14h
Mumbi - 7’
Viviane Ferreira (SP)

Rap de Saia - 18’
Janaina Oliveira (RJ)

Neguinho e kika - 18‘
Luciano Vidigal (RJ)

Milton Meia Dúzia - 12’
Paulinho Sacramento (RJ)

Se todos fossem iguais - 17’
Fernando Barcellos (RJ)

Santas Ervas - 17’
Lincoln Santos (RJ)

Ilha do rato - 18’
Joselito Crispim (BA)

Fonte: http://www.afrocariocadecinema.org.br/

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O ensino das Literaturas Africanas e Afro-Brasileira e os desafios à práxis educacional e à promoção humana na contemporaneidade

Discorreremos neste texto, ainda que brevemente, sobre
implicações diversas que a colonização portuguesa legou, sobretudo ao
Brasil, e algumas de suas injunções à África em termos literários, bem
como o surgimento de uma literatura híbrida e centrada, através de
forte viés histórico, em fatos oriundos da colonização de negros
africanos. Por isso, se associarmos a perspectiva de entrecruzamento
proposta por Saramago a uma visão sobre a realidade cultural
brasileira, baseada também num tripé constituído por brancos, negros e
índios, perceberemos um descompasso que tem feito com que os últimos
ocupem uma posição notadamente desprestigiada em relação à hegemonia
branca.
Ler em: Buala

O desenvolvimento da educação, só pode ser feito através das suas línguas - professor Armindo Ngunga

Armindo Ngunga, é professor catedrático da Universidade Eduardo
Mondlane e director do Centro de Estudos Africanos desta Universidade,
o Semanário manteve esta conversa a margem do terceiro Atelier de
pesquisa para ciências sociais, realizado em Maputo, numa iniciativa
do CORDESRIA e do Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo
Mondlaie, aquele académico abordou a questão do desenvolvimento da
investigação cientifica em Moçambique, do facto da UEM, mais uma vez
constar no raking das cem melhores Universidades de África, da
valorização dos quadros Moçambicanos, e do desenvolvimento da
linguística.
Ler entrevista em: http://tinyurl.com/26h5f6z

BacktoBlack ou BacktoWhite Supremacy? - Marcio Andre

Em sua segunda edição, o BacktoBlack - B2B reuniu uma série de bons músicos negros de estilos tão variados quanto o kora, o r&b, o pop e o blues, sem contar o melhor da música negra brasileira. Parabenizo totalmente a qualidade da produção técnica do evento: exposição de imagens de jovens negros em tamanho gigante, espaço para a exposição de peças e produtos de instituições sociais diversas, inclusive instituições negras. Os patrocinadores do evento (Oi Futuro, Fundação Cultural Palmares, Petrobras, etc) também contavam com stands dentro de um trem especialmente adaptado para tal. Do ponto de vista do quesito qualidade técnica não há o que reclamar, penso.
Continuar lendo em: Pambazuca News

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

II Seminário História Social da Língua Nacional: Diáspora Africana

A Fundação Casa de Rui Barbosa promove, nos dias 27 e 28 de outubro, a partir das 9h30, o II Seminário História Social da Língua Nacional – A Diáspora Africana. O evento integra as comemorações do Dia da Cultura, promovido pelo Ministério da Cultura. A entrada é franca. O evento é organizado por Ivana Stolze Lima (FCRB/PUC-Rio/CNPq) e Laura do Carmo (FCRB).

Ementa

O objetivo deste encontro é aprofundar um campo de reflexão e questionamento dos mais férteis e produtivos nas últimas décadas no Brasil. Discutir as questões da Diáspora Africana relacionadas ao processo histórico-social da língua nacional leva a evocar o tráfico de escravos e as redes do mundo atlântico como travessia de homens, culturas, línguas e modos de comunicação e vida social. Ao se pensar na escravidão, tanto as formas de imposição da língua senhorial e as hierarquizações baseadas nas habilidades linguísticas dos escravos, como as estratégias de comunicação criadas pelos próprios africanos e descendentes foram relevantes, vide a persistência de línguas maternas, surgimento de línguas gerais, usos rituais e secretos de códigos próprios.

Como explicar que a formação do Estado nacional no Brasil, sustentada na mão de obra escrava e nos privilégios da classe senhorial, foi também a experiência de gestação de um mundo das letras com grande número de descendentes de escravos, libertos e africanos entre seus agentes, inclusive os mais ilustres? No Brasil contemporâneo, o esforço de apropriação dos instrumentos de poder como a língua culta, os códigos legais, a educação formal, são caminhos que afirmam vínculos comunitários e atuações políticas e identitárias. Pesquisadores que se propõem a atravessar fronteiras disciplinares têm às vezes poucos momentos de diálogo, e reuni-los é o intuito principal do seminário, para que se possa também atingir um público maior com a divulgação dos resultados e contribuir para o aprofundamento dessas questões.

Programação

27 de outubro, quarta-feira

9h30 Abertura
José Almino de Alencar | Presidente da FCRB
Ivana Stolze Lima | FCRB
Laura do Carmo | FCRB

Línguas africanas no Brasil: vitalidade e invisibilidade
Margarida Petter | USP

Sonhos do Kongo, São Paulo 1903: cosmologia e léxico sagrado de um sacerdote de Macumba
Robert Slenes | Unicamp/CNPq

Música e nação em Angola
Marissa Moorman | Indiana University

Mediador: Eduardo Silva | FCRB/CNPq


14h Fronteiras

As difusas fronteiras entre línguas crioulas e línguas lexificadoras: o caso da gênese e desenvolvimento da língua nacional no Brasil
Heliana Mello | UFMG

Africanos no Rio de Janeiro, entre fronteiras e práticas de comunicação
Ivana Stolze Lima | FCRB/CNPq

Língua, história e ficção
Alberto Mussa | Escritor

Mediador: João Paulo Rodrigues | UFSJ


16h Escritas e registros

Um Rei negro na literatura brasileira: Coelho Netto e a herança africana
Leonardo Affonso de Miranda Pereira | PUC-Rio/CNPq

O nome dela era Rosa: epistolografia de uma ex-escrava no Brasil do século XVIII
Klebson Oliveira | UFBA

Africanos e descendentes em dicionários
Laura do Carmo | FCRB

Mediadora: Marta de Senna | FCRB/CNPq


28 de outubro - quinta-feira

9h30 Mundo atlântico

Angolenses, colonos e a língua portuguesa em Luanda durante a expansão européia (1870-1930)
Andrea Marzano | UniRio

Ladinos e boçais: a questão das línguas no Atlântico Sul (1831-1850c.)
Marcos Abreu Leitão de Almeida | UNICAMP/Fapesp

A Árvore da Palavra: embondeiros plantados em terras brasileiras
Sonia Queiroz | UFMG

A língua mina-jeje no Brasil
Yeda Pessoa de Castro | UNEB

Mediador: Ivette Savelli | FCRB


14h Práticas

Versos, memórias e desafios na música negra
Martha Abreu | UFF/CNPq

Comunidade e palavra na prática do jongo
Délcio José Bernardo | jongueiro

A língua iorubá no terreiro
Iyalorixá Mãe Meninazinha da Oxum | Ylê Omulu Oxum

Desejo e direito de escrever: sanções para quem escreve ferindo a "(o)culta norma" da língua
Conceição Evaristo | Escritora

Mediadora: Joëlle Rouchou | FCRB

Fonte: http://www.casaruibarbosa.gov.br/template_01/default.asp?VID_Secao=9&VID_Materia=1880

terça-feira, 19 de outubro de 2010

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Cinema negro e educação

Encontro Pedagógico Cinema negro e educação*

Programação

Abertura: Zózimo Bulbul – Centro Afrocarioca de Cinema (15min)

Exibição do curta: "ALMA NO OLHO"

Mesa redonda 1: MULTICULTURALISMO, AFRICANIDADES E CINEMA (90MIN)

· Joel Zito Araujo – cineasta e professor dr

· Monique Franco - professora drª -Núcleo Interdisciplinar Resistência e Arte (Nira) Laboratório Audiovisual Cinema Paraíso - UERJ/FFP

· Mediadora: Kátia Santos – professora drª - PACC-UFRJ

Intervalo -

Exibição de curta: " SAMBA NO TREM"

Mesa redonda 2 :AFROCINEMA, IMAGENS E EDUCAÇÃO ( 90MIN)

· Ana Paula Brandão - Canal Futura – Projeto A Cor da Cultura

· Ana Maria Miguel - TV Escola – Programa Salto para o Futuro

· Rogério Santana Lourenço -Pesquisador Independente

· Mediadora: Azoilda Trindade

Objetivos:

· Mobilizar professoras/es para o IV Encontro Cinema Negro.

· Propiciar momento de reflexão de cunho didático pedagógico acerca da imagem das (dos) afrodescendentes e africanas (os) no cinema e na televisão.

· Refletir acerca da criação do setor educativo do Afrocarioca de Cinema

Data: 25 de outubro de 2010

Local: Centro Afro Carioca de Cinema - Rua Joaquim Silva, 40 - Lapa - Rio de Janeiro

Horário: Tarde 13h30 às 18h

INSCRIÇÕES: pelo e-mail afrocarioca.divulgacao@gmail.com ou por telefone 2508 7371 – 2508 7381 – 85771600(Naira)

Obs.: Haverá entrega de certificados de participação e sorteio de um ônibus para uma escola levar estudantes ao IV Encontro Cinema Negro.

*Coordenação Pedagógica e idealização Azoilda Loretto da Trindade

Divulgado por e-mail

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Cartola: Poeta do samba


Projeto Poesia no SESI
Poeta homenageado do mês: Cartola

Toda quarta-feira, das 12h às 13h, o Projeto Poesia ocupa o palco do teatro SESI Centro, com o objetivo de proporcionar um painel com o melhor da poesia produzida no Rio de Janeiro na atualidade e homenagear, mês a mês, um grande poeta.

O homenageado do mês de outubro será Cartola , que terá seus poemas recitados por diversas personalidades.

Ficha Técnica:
Concepção e direção artística: Claufe Rodrigues
Produção: Monica Montone

Classificação Etária: Livre
Ingressos: Entrada Franca
Evento sugeito à lotação e por ordem de chegada.

Programação:

06 de outubro - Nelson Sargento & Ronaldo Matos
13 de outubro - Gabriel Muzak + Sergio Natureza
20 de outubro - Duane Martins + Carmem Moreno
27 de outubro - Janaina Moreno + Geraldo Carneiro

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Documentário "Terra Deu, Terra Come" revela herança africana - Fernando Masini


O que restou de um quilombo em Minas Gerais é o ambiente escolhido pelo jovem diretor Rodrigo Siqueira para rodar "Terra Deu, Terra Come", que estreou na sexta-feira (1º).

Premiado no É Tudo Verdade, o documentário acompanha o garimpeiro Pedro de Almeida, 81, que comanda um cortejo fúnebre carregado de misticismo.

Enquanto entoa vissungos - cânticos negros -, o líder é acompanhado por jovens e mulheres. Tudo ocorre como uma elaborada encenação, na qual o cineasta se intromete como personagem.

Fonte: http://guia.folha.com.br/cinema/ult10044u809461.shtml

Saiba mais sobre o filme no site.

Uma lágrima pelo povo e pelo Estado de Angola - Luíz Araújo

Neste artigo, o ativista Luis Araújo discute a relação direta entre conservação da memória e do patrimônio material e imaterial da nação angolana e seus desmembramentos no governo do atual presidente Eduardo dos Santos, assim como relembra ao leitor o papel fundamental que o Mercado Kinaxixe teve na organização da identidade coletiva angolana após a guerra civil. A destruição de mercados e de sítios de memória coletiva relaciona-se às recentes demolições de residências populares que acontece em Angola em nome do progresso do país, em detrimento da saúde dessas populações e de seu bem-estar.

Continuar lendo em: http://www.pambazuka.org/pt/category/features/63636

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Jeferson De: dogma feijoada, o cinema negro brasileiro


“A ele cabe a responsabilidade de botar os pontos nos is, como se dizia antigamente, e quando penso o quanto a imagem do negro foi vilipendiada pela cinematografia nacional é de dar arrepios. Quanta gente de talento se perdeu nessa barbárie de preconceitos, de racismo, de lugares comuns nos personagens criados pelo cinema brasileiro, feito de empregadas domésticas, de ladrões, de assassinos cruéis, de personagens históricos destorcidos. Tanto exotismo e tanto folclore.” (ARAÚJO, Emanuel. Jeferson De. São Paulo: Imprensa Oficial, 2005. p. 13)

Para quem se interessa por cinema e história vale a pena ler a cinebiografia de Jeferson De, disponível no site da Imprensa Oficial do governo do Estado de São Paulo. Jeferson De ganhou recentemente cinco prêmios com o longa Bróder em Gramado. A obra faz parte da Coleção Aplauso que reúne biografias de grandes nomes do teatro, cinema e TV, além de publicar alguns roteiros históricos do cinema brasileiro.

O livro é dividido em duas partes: a primeira, uma análise do cinema negro brasileiro por Noel dos Santos Carvalho; e a segunda compreende os roteiros dos filmes do diretor ilustrados com fotos.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Unesco e MEC lançam coleção sobre história da África para ajudar na implantação de lei

Obras serão utilizadas como base para a produção de materiais didáticos para alunos e professores.

Sete anos depois de ser aprovada, a lei que inclui o estudo da cultura e da história da África como conteúdo obrigatório em todas as escolas brasileiras ainda não saiu do papel, na maioria do país. Um das razões é a falta de material de qualidade para que os professores possam trabalhar o tema com os alunos.

Para tentar preencher essa lacuna, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco) lança em novembro uma coleção de oito volumes sobre a história da África. As obras serão utilizadas como base para a produção de materiais didáticos para alunos e professores.

O projeto é uma parceria do organismo com o Ministério da Educação (MEC). Segundo o coordenador da Área de Educação da Unesco no Brasil, Paolo Fontani, um diagnóstico feito pelos dois órgãos revelou que um dos principais entraves para a implantação da lei era a falta de materiais de qualidade. Fontani destaca que um diferencial desses livros é que eles foram elaborados por pesquisadores e historiadores africanos.

O lançamento deve ocorrer na semana do 20 de novembro, quando é comemorado o Dia da Consciência Negra. Como a coleção é muito extensa, paralelamente a Unesco e o MEC estão desenvolvendo em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFScar) um material pedagógico que possa ser utilizado pelo professor em sala de aula, "mais ágil e de fácil consulta, focado nas necessidades da sala de aula", explica Fontani. Em outra fase, o projeto pode incluir o treinamento de professores, adianta Fontani.

"É a primeira vez que a Unesco faz isso em outros países com essa coleção. Definitivamente estamos na ponta, o Brasil será o primeiro a fazer esse trabalho nesse tipo de escala", aponta.

(Agência Brasil, 26/9)

Fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=73709

domingo, 5 de setembro de 2010

UERJ lembra os 100 anos da Revolta da Chibata com fim de semana de palestras

O ano de 1910 foi marcado no Brasil pela eclosão da "Revolta dos Marinheiros", conhecida posteriormente como "Revolta da Chibata", título do livro-reportagem do jornalista Edmar Morel publicado em 1959. Para além da memória da cidade do Rio de Janeiro, da Marinha Nacional e de movimentos sociais, o levante tornou-se um dos tópicos da História do Brasil no período da Primeira República e recebeu, sobretudo a partir dos anos 1990 e 2000, um novo tratamento e interesse historiográfico no país e no exterior.

Este encontro pretende reunir pela primeira vez os principais pesquisadores especialistas do tema na atualidade, buscando contemplar a pluralidade de abordagens sobre o assunto. Trata-se, portanto, de criar oportunidade para apresentação e debate dos resultados de tais trabalhos com a comunidade científica (desde alunos de Graduação até professores e pesquisadores de Pós-Graduação) e com um público de interessados no ano do centenário da Revolta da Chibata.

O evento será organizado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e com apoio de agências de financiamento científico. O evento será gratuito, aberto ao público e serão fornecidos certificados de presença para quem comparecer ao menos a três sessões. A apresentação de cada expositor terá duração de 40 minutos e será seguida por um debate de 20 minutos.

Estão previstas duas apresentações na parte da manhã – eventualmente três no segundo dia – e duas à tarde, totalizando oito ou nove palestrantes, a serem confirmados.

Programação


Dia 9/09

9h30 | Recepção

10h às 12h | Contexto, idéias e recepção nacional e internacional
Coordenador: André Campos (Departamento de História da UERJ)

Tania Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira (UERJ- CEO-Pronex - CNPq)
A imprensa e o contexto da Revolta da Chibata: história e historiografia.

Joseph Love (Universidade de Illinois)
Revolta da Chibata: dimensões internacionais, aspectos ideológicos e perspectivas novas da segunda rebelião.

14h às 16h | Memória e Marinha
Coordenador: Marco Morel (UERJ)

José Miguel Arias Neto (UEL)
A revolução dos marinheiros de 1910 - Memória e Historiografia

Hélio Leôncio Martins (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro)
A criação de um mito

Dia 10/09


9h30 | Recepção

10h às 12h | Identidades, trajetórias e circulações
Coordenadora: Tania Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira (UERJ- CEO-Pronex - CNPq)

Zachary Ross Morgan (Boston College)
Radicalismo transatlântico e as raízes britânicas da Revolta da Chibata

Sílvia Capanema Pereira de Almeida (Universidade de Paris 13)
Vidas de marinheiro no Brasil republicano: identidades e lideranças da revolta de 1910

14h às 16h | Historiografia, sentidos e novas aberturas
Coordenadora: Sílvia Capanema Pereira de Almeida (Universidade de Paris 13)

Mário Maestri (UPF)
A Revolta dos Marinheiros Negros de 1910: o nacional, o internacional, o passado e o presente

Álvaro Pereira do Nascimento (UFRRJ - CEO-Pronex – PROCAD)
Revolta da Chibata: história e historiografia

18h | Exibição do documentário "João Cândido e a luta pelos Direitos Humanos"
Direção de Tania Quaresma e produzido pela Fundação Banco do Brasil.
Debate com Adalberto Cândido (filho do marinheiro João Cândido) e com os organizadores do evento.

Fonte: http://www.correiocidadania.com.br/content/view/4943/9/

terça-feira, 31 de agosto de 2010

70% das faculdades públicas já adotam cotas ou bônus

Em 77% dos casos, decisão de adotar política partiu da própria instituição. Levantamento feito por pesquisadores do Rio mostra que estudantes de escolas públicas são os mais beneficiados

Mesmo sem lei federal que as obrigue a isso, sete em cada dez universidades públicas no Brasil já adotam algum critério de ação afirmativa, seja ele cota ou bônus no vestibular para alunos de escolas públicas, negros, indígenas e outros grupos.

O levantamento foi feito pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos, ligado à Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

De 98 universidades federais e estaduais, 70 adotam ação afirmativa (71%). Em 77% dos casos, a decisão de adotar cotas ou bônus surgiu da própria universidade.

Em apenas 16 instituições, a ação foi motivada por uma lei estadual. Não há lei federal -um projeto tramita no Congresso- que obrigue estabelecimentos da União a adotar cotas ou bônus.

O trabalho mostra também que são alunos de escolas públicas os mais beneficiados e que as cotas são mais utilizadas do que os bônus.

No caso das universidades que trabalham com cotas raciais, o critério utilizado para definir quem é negro ou indígena é quase sempre (85% dos casos) a autodeclaração. Nos demais, há exigência de fotografias ou comissões de verificação, métodos polêmicos por barrar candidatos que se consideram negros.

Para João Feres Júnior, um dos pesquisadores, em quase todas as 40 universidades que beneficiam negros, há preocupação de evitar que as vagas sejam ocupadas pelos de maior renda - o candidato deve comprovar carência ou estudo em escola pública.

Debate

Para ele, o crescimento de instituições que, sem a obrigação legal, adotam ações afirmativas reflete o amadurecimento do debate sobre a desigualdade racial no país.

Ele diz que, quando coordenou o Diretório Central de Estudantes da Unicamp, em 1986, o tema não era discutido nem nas ciências sociais. "Não passava pelas nossas mentes discutir a pauta."

Mesmo quem se beneficiou do avanço nas políticas de ação afirmativa aponta a falta de debate. É o caso de Wellington Oliveira dos Santos, 25, que se formou em psicologia em 2009 na Universidade Federal do PR, onde ingressou na cota para negros.

Santos reclama que, na época de sua graduação, não houve debates em seu curso sobre os motivos que estão levando as universidade públicas à adoção das cotas.

Criação de lei federal divide a opinião de especialistas

O fato de a maioria das universidades com ações afirmativas adotar a prática por iniciativa própria divide especialistas sobre a necessidade de uma lei federal.

Para Simon Schwartzman, ex-presidente do IBGE e pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade no RJ, uma lei federal é desnecessária e desrespeita a autonomia universitária.

"É melhor ver isto acontecer por um movimento espontâneo do que por uma lei que obrigue todas a adotarem um critério que coloque uma camisa de força", diz.

Já Renato Ferreira, gerente de projetos da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, defende uma lei por entender que, em algumas universidades, os critérios ainda são tímidos. "Sem uma lei que regule o tema, demoraremos muito mais tempo para promover a igualdade que desejamos."

Beneficiados

Como a maioria adotou cotas ou bônus há menos de quatro anos, não há dados consolidados sobre o desempenho dos beneficiados. Na Uerj, uma avaliação mostrou que os alunos cotistas têm menor evasão e notas semelhantes aos demais na maioria dos cursos.

Na UFPR (Universidade Federal do Paraná), estudantes negros e oriundos de escolas públicas têm conseguido, na média, o mesmo rendimento nas avaliações que os outros universitários.

O sistema de cotas na UFPR, aprovado em 2003 por iniciativa da própria instituição, tem 8.000 beneficiados num total de 22 mil alunos.

Para o professor Paulo Vinícius Batista da Silva, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da UFPR, ainda há desafios a serem superados. "Os cotistas são alvos de desconfiança."

(Antônio Gois)
(Colaborou Dimitri do Valle)
(Folha de SP, 30/8)

Fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=73147

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Back2Black 2010



Vem aí a nova edição do Festival Back to Black. A primeira aconteceu no ano passado e reuniu debates e shows variados em três dias de evento. O local, a Estação de Trem da Leoplodina no Centro do Rio, deu um charme todo especial ao festival. Na entrada mapas políticos da África e no interior lindas fotografias. Tive a felicidade de assistir a última noite do festival que reuniu, no debate, a escritora Dambisa Moyo e Gilberto Gil, como mediador o acadêmico Alberto da Costa e Silva. Cantando várias estrelas brasileiras e internacionais, entre elas Mart’nália, Angelique Kidjo, Omara Portuondo, Margareth Menezes, Dona Ivone Lara, Luiz Melodia e a, até então desconhecida do grande público, Maria Gadú. Uma bela festa.




Neste ano o festival acontecerá entre os dias 27 e 29 de agosto. A programação de debates terá, entre outros, Mia Couto, Rubem César Fernandes, Chris Abani e José Eduardo Agualusa. Na programação musical farão a festa artistas como Carlinhos Brown, Elza Soares, Seun Kuti, Arnaldo Antunes, Erykah Badu, Frejat, Mart’nália e Taj Mahal, além do DJ Negralha. Diferentemente do ano passado, a programação musical acontecerá em dois palcos diferentes e terá como destaque a realização de um baile charm tal e qual acontece no Viaduto de Madureira, com a presença inclusive de reais frequentadores.

Abaixo a programação:

Sexta (27.08):
No palco Estação:
às 19h, conferência "Direitos Humanos e sociedade civil", com Joyce Banda e outros;
às 21h, Carlinhos Brown;
às 22h30m, Seun Kuti e Fela’s Egypt 80

No palco Urbano:
às 23h, DJ Negralha;
à meia-noite, Stereo Maracanã;
à 1h, MC Zola;
às 2h15m, Zakee

Nos Trilhos:
às 20h30m, Quinteto Nuclear

Sábado (28/08):
No palco Estação:
às 19h30m, conferência "Criatividade", com Vik Muniz e outros;
às 21h, show de Arnaldo Antunes e Toumani Diabaté (participação de Jam da Silva);
às 22h30m, Erykah Badu

No palco Urbano:
às 23h, Theophilus London;
à meia-noite, Joya Bravo;
à 1h, Dave Stewart (participação especial de Judith Hill e Nadirah X

Nos Trilhos:
às 20h30m, Natasha Llerena.

Domingo (29/08):
No palco Estação:
às 17h, conferência "Literatura, Imagem e Som", com José Agualusa e Mia Couto;
às 19h, Celebração do Blues, com Elza Soares, Frejat, Mart'nália, Taj Mahal, Vieux Farka Touré e Lizz Wright.

No palco Urbano:
às 20h, Baile do Viaduto de Madureira.

Nos Trilhos:
às 18h30m, Os Roncadores.

Estação Leopoldina:
Av. Francisco Bicalho s/n, Centro — 2333-7866

Para acessar a programação completa do festival e obter maiores informações visite o site: http://www.back2blackfestival.com.br/portugues/

Retrato do 3° mundo: petróleo vaza há 50 anos na Nigéria

Acredite se quiser, mas isto é 3o mundo: petróleo vaza há 50 anos na Nigéria



Grandes vazamentos de petróleo não são novidade na Nigéria. O Delta do Níger, onde a riqueza embaixo da terra é desproporcional à pobreza na superfície, é submetido, há 50 anos, ao equivalente a um derramamento do navio Exxon Valdez (de 41 milhões de litros, ocorrido no Alasca, em 1989) ao ano, segundo estimativas. O petróleo vaza quase todas as semanas, e alguns pântanos há muito tempo não têm mais vida.
É provável que nenhum outro lugar da Terra tenha sido tão castigado pelo petróleo, e os habitantes estão impressionados com a atenção constante que é dada ao vazamento do Golfo do México. Há poucas semanas, um duto da Royal Dutch Shell que havia estourado nos mangues foi fechado após vazar por dois meses: agora, não há um ser vivo em um mundo preto e marrom outrora povoado por camarões e caranguejos.

Não muito longe dali, há petróleo no Riacho Gio, de um vazamento de abril. Em Akwa Ibom, o vazamento de um duto da Exxon Mobil durou semanas.

Os vazamentos são causados por dutos enferrujados, nunca fiscalizados em razão de regulamentação ineficiente ou criminosa e afetados por manutenção deficiente e sabotagens. Apesar da maré negra, os protestos não são frequentes - no mês passado, os soldados que guardam um local da Exxon Mobil espancaram mulheres que realizavam uma manifestação. "Não temos a imprensa internacional para cobrir o que acontece aqui, então ninguém se preocupa", lamenta Emman Mbong, de Eket.



As crianças nadam no estuário poluído, os pescadores levam seus barcos cada vez mais longe e as mulheres do mercado andam com esforço entre os riachos de petróleo. "O petróleo da Shell está no meu corpo", afirmou Hannah Baage.

O fato de o desastre do golfo paralisar um país e um presidente que tanto admiram é motivo de espanto para as pessoas daqui. "O presidente Obama está preocupado com aquele vazamento!", comentou Claytus Kanyie, funcionário da prefeitura. "Ninguém está preocupado com este aqui." Ao longe, saía fumaça de um lugar onde, segundo Kanyie, funciona uma refinaria ilegal operada por ladrões de petróleo e protegida, ao que se fala, pelas forças de segurança nigerianas. Antes dos vazamentos, disse Kanyie, as mulheres de Bodo ganhavam a vida catando moluscos e mariscos nos pântanos.

Nada menos que 2 bilhões de litros vazaram no Delta do Níger nos últimos 50 anos ou cerca de 41 milhões ao ano, concluíram especialistas em relatório de 2006. Portanto, as pessoas daqui olham com compaixão a situação no golfo. "Sentimos muito por eles, mas é o que acontece aqui há 50 anos", disse Mbong.

Embora grande parte da área tenha sido destruída, restam muitos espaços imensos de verde. Os ambientalistas afirmam que, com um programa de recuperação intensiva, o delta poderia voltar a ser o que era.




A Nigéria produziu mais de 2 milhões de barris de petróleo ao dia, no ano passado, e em mais de 50 anos milhares de quilômetros de dutos foram instalados nos pântanos. A Shell, principal empresa exploradora, opera em milhares de quilômetros quadrados, segundo a Anistia Internacional. Colunas envelhecidas de válvulas nos poços de petróleo se destacam entre palmeiras. Às vezes o petróleo jorra delas, mesmo que os poços estejam desativados.

Caroline Wittgen, porta-voz da Shell em Lagos, disse: "Não discutimos os vazamentos", mas argumentou que a "vasta maioria" é provocada por sabotagem ou roubo, e apenas 2% por falhas dos equipamentos ou erro humano.

Reportagem publicada no jornal "O Estado de São Paulo".

sábado, 14 de agosto de 2010

Do jongo ao samba no Rio de Janeiro


Encontro de baianas do jongo, do santo e do samba é uma iniciativa
cultural simbólica do Rio de Janeiro, para enfatizar os mais
relevantes patrimônios culturais: a Pedra do Sal e o samba, em sua
ancestralidade. O Centro Cultural Cartola brinda o público com show
musical gratuito, reunindo a Velha Guarda da Mangueira, a Velha Guarda
do Império Serrano, o jongo do Pinheiral e convidados - além da
participação especial das baianas do santo e do samba.

A Pedra do Sal é um lugar histórico, localizado aos pés do Morro da
Conceição, na Gamboa. Em 1984, em 20 de novembro, Dia Nacional da
Consciência Negra, o sítio, no coração da Saúde, foi tombada pelo
Instituto Estadual de Patrimônio Cultural (Inepac), como um fragmento
de memória rupestre da Pequena África. Em 2007, o samba carioca
tornou-se Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, sob registro do
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

A energia feminina fez do samba uma das maiores manifestações
populares. Sua origem ainda hoje é discutida. Seu nome, segundo alguns
autores, provém de semba, que quer dizer "umbigada" - união do baixo
ventre, no batuque de angola. Pode-se afi rmar que a música africana
entrou no País com os primeiros escravos negros. E esse encontro das
baianas do santo, do jongo e do samba visa difundir esses patrimônios
material e imaterial do Rio de Janeiro e do Brasil.

PROGRAMAÇÃO

14h. Exibição do vídeo Matrizes do Samba no Rio de Janeiro e
degustação de quitutes dos tabuleiros das baianas.

15h. Apresentação musical, com baianas em trajes típicos. Elenco:
Jongo do Pinheiral, Velha Guarda do Império Serrano, Velha Guarda da
Mangueira e de baianas do Grupo Especial das Escolas de Samba do Rio
de Janeiro, dentre outros artistas convidados.

18h. Saída do cortejo para Pedra do Sal (e todas as baianas do santo,
do jongo e do samba)

SERVIÇO
Data: 22 de agosto
Local: Rua Sacadura Cabral, 154 (The Week), com cortejo para a Pedra do Sal
Horário: a partir das 14h
Entrada franca: confi rmar presença pelo e-mail aniversariopalmares.rj@gmail.com

Fonte: http://www.palmares.gov.br/003/00301009.jsp?ttCD_CHAVE=2957

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Jongo da Serrinha, Razãoes Africanas e o Coral de Cânticos Sagrados Iyun Ase Orin no Bola Preta

CLIQUE NAS IMAGENS PARA UMA MELHOR VISUALIZAÇÃO



fonte:http://institutodepesquisadasculturasnegras.blogspot.com/2010/08/jongo-da-serrinha-razoes-africanas-e.html

Cia Folclórica do Rio de Janeiro (UFRJ) comemora seus 23 anos ao som da TAMBORZADA


Ainda há tempo de assistir a esse belo espetáculo.

Tem batuque em caixa de fósforos, na frigideira, mas tem também percussão forte saindo de tambor português, indígena, africano e até aqueles típicos da umbigada. No espetáculo TAMBORZADA, que comemora os 23 anos da Cia Folclórica do Rio de Janeiro–UFRJ, o ritmo reina para mostrar com quantos batuques se faz a cultura brasileira. Reunindo 40 artistas, entre músicos e dançantes, TAMBORZADA une dança e música dos quatro cantos do Brasil com a pulsação de nossas raízes, como poderá ser conferido de 13 a 16 de maio, no Teatro Angel Vianna, no Centro Coreográfico, na Tijuca. O público vai poder conhecer tambores típicos como atabaques, alfaias, Tambor de Crioula do Maranhão, crivador, meião, caxambu, candongueiro e tambú aprendendo sobre a riqueza da percussão e das danças brasileiras.

“Vamos montar em cena um grande terreiro que vai abrigar o sacro e o profano das culturas populares do Brasil. Cenografia, instalações, iluminação, figurinos, música ao vivo e muita dança, criarão um momento de artes integradas que pretendem sensibilizar as pessoas à identidade brasileira, com muita honra”, exalta Eleonora Gabriel, diretoa da Cia. Folclórica do Rio de Janeiro–UFRJ .


A Companhia Folclórica do Rio-UFRJ há 23 anos pesquisa expressões dançantes e musicais por todo país. É reconhecida, dentro e fora do Brasil, pela excelência na pesquisa da cultura brasileira. Integram seu repertório: Riojaneirices, acerca da cultura popular do Rio de Janeiro, Brasileirices, com várias manifestações brasileiras, Pelos mares da vida, sobre expressões tradicionais de brasileiros que vivem o mar, Natal Brasileiro, de reisados e pastoris nordestinos, Brasileirinho, sobre o folclore cotidiano e dentro da escola, Cem anos de frevo, em 2007, e Energia do Homem, coreografia para 723 pessoas de 13 danças populares brasileiras, na premiadíssima abertura do PAN 2007.

Ficha Técnica:
Direção Geral: Eleonora Gabriel | Direção Musical: Ronaldo Alves | Direção de Produção: Katia Iunes | Dançantes: Alex Costa, Alexandre Carvalho, Aline Sousa, Carla Giglio, Elaine Aristóteles, Eleonora Gabriel, Fernanda Veloso, Flávia Souza, Frank Wilson, Genilson Leite, Jacqueline Barbosa, Leonardo Amorim, Luan Gustavo, Márcia Cassaro, Mônica Luquett, Paola Pimentel, Renato Barreto, Rian Rodrigues, Rita Alves, Roberto Barboza, Rodrigo Magalhães, Sebastião Lima, Tatiana Reis, Tuanny Carvalho, Victor D’Olive, Viviane Brito e Viviane Martins
Músicos: Evandro do Carmo, Gabriel Gabriel, Lourenço Vasconcellos, Otávio Menezes, Paulino Dias, Ramon de Sant´ana, Roberto Monteiro, Ronaldo Alves, Wanessa Anchieta | Equipe de Arte: Chris Lopes, Cristiane Silva, Daniel Florenzano e Rafael Carneiro | Cenário: Ricco Neves | Equipe de Produção: Danyele Barros, Elaine Cristina e Márcio Romão.

fonte: http://www.overmundo.com.br/agenda/tamborzada-o-rufar-da-cultura-brasileira-em-cena

Jongo


Dança do Jongo

ORIGEM: O Jongo é uma Dança de origem africana,possivelmente do Povo oriundo de Angola,da qual participam homens e mulheres,possivelmente quer dizer divertimento.
O canto tem o papel fundamental, associado aos instrumentos musicais e dança.
Alguns pesquisadores classificam-no como um de "tipo de Samba" mais antigo, seria ele que daria mais tarde origem ao Samba.Em alguns locais o nome pode variar como Caxambu,Dança do Jongo, Bambelô ,dentre outros.


A FESTA: É uma música feita para dançar, e fundamenta-se com o "ponto", ou seja, a pessoa tem que "desamarrar"(decifrar) o "ponto".O "ponto" seria uma espécie de adivinha, onde o verso cantado não expressa de forma muito clara o que se trata, e é preciso descobrir para saber do que fala a música.
Exemplo de uma crítica feita a um chefe político:

"Tanto pau de lei
que tem no mato,
imbaúba é coroné."

A explicação do "ponto" é que no meio de muita gente boa que existe,foram escolher logo o "coronel" que não é bom,para um cargo tão importante.Segundo a comparação da música:
Pau de Lei: Gente boa, e Imbaúba: Imbaúba ,é uma arvore cuja a madeira é ôca sem muita serventia,gente ruim.

Na maioria das vezes a música é cantada por duas vozes ,ou três vozes.
Em alguns locais é comum as pessoas participantes do Jongo dançarem ao redor dos instrumentos, noutros lugares dançam em frente aos instrumentos,sendo a que é uma dança de roda que se movimenta de forma contraria ao ponteiro do relógio(sentido anti-horário) coisa pouco comum,como passos para frente,pulos,giros ,etc.

INSTRUMENTOS MUSICAIS:Na Dança são utilizados os seguintes instrumentos musicais:
Da esquerda para direita:
1.Atabaque Guanazamba.
2.Guaiá.
3.Atabaque Candongueiro.
4.Puíta,cuíca.
5.Atabaque Cazunga



1.Atabaques(Três a quatro),recebem uma grande variação de nomes como:Tambor,Angona,Candongueiro,Cadete,Pai João,Pai Tôco, etc.Ele é dividido em :

Guanazamba,Pai João,Pai Tôco,Tambor : É o maior te todos ,é um pedaço de madeira que por meio de fogo é deixada ôca ,de um lado a outro,com aproximadamente 100cm a 120 cm de comprimento e um diâmetro de aproximadamente 40 cm,numa das extremidades é colocado o couro de boi
(na maioria das vezes) e a outra fica livre.A forma como é tocado consiste em deitar horizontalmente o atabaque no chão sentasse nele e bate com as mãos no couro.

Candongueiro,Joana,Angona: Um pouco menor, mede 80cm a 100cm e 30cm de diâmetro,é tocado por pancadas suaves das pontas dos dedos,para produzir um som mais agudo,tipo "arranhado",é tocado do mesmo modo da Guanazamba.

Cadete:Terceiro maior mede 50cm a 60 cm de comprimento e 20 cm de diâmetro,é tocado do mesmo modo da Angona,é tocado do mesmo modo da Guanazamba.

Cazunga: É o menor dos quatro possui.Único que não é tocado deitado ao chão, pois fica pendurado no corpo do tocador por alças.

2.Puíta,cuíca: Instrumento de aproximadamente 30cm de comprimento e aproximadamente 15cm a 20cm de diâmetro, é uma madeira ôca,em uma das extremidades é coberto com o couro , no centro deste couro é amarrado uma haste de madeira,bem lisa de aproximadamente 30cm de comprimento.
É tocado colocando o instrumento entre os joelhos pressionando-o, e com um pano molhado esfrega a haste tirando o som, ou também coloca-se a mão sobre o couro,externamente, resultando sons diferentes.

3.Guaiá,chocalho: Pequeno recipiente de metal ôco (é um chocalho, assemelha-se a uma caneca fechada, tendo até uma alça para segurar) , que contêm no seu interior chumbo,pedrinhas,sementes ou outra coisa que sirva para provocar o som a que se destina.Sua função na música é apenas de marcar a mudança de canto, para "desatar" o "ponto" que esta sendo dançado.

fonte: http://www.brasilfolclore.hpg.ig.com.br/jongo.htm

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Projeto Brasil África

O Brasil África é um projeto que está sendo desenvolvido no IEB desde 2009 com o financiamento da FAPESP, cujo objetivo central é disponibilizar ao público livros e documentos raros do IEB relativos ao continente africano no período que se estende do século XVI ao XIX. Construímos uma base de dados contendo informações detalhadas sobre cada documento selecionado, tais como o nome do autor, da obra, a data, e o local da publicação. A base tráz também um breve resumo de cada documento indicado. A finalidade da base é facilitar o acesso do pesquisador a inúmeras fontes relacionadas a temas diversos relativos ao continente africano, tais como viagens, escravidão, comércio, história, geografia, medicina, religião e religiosidade, entre outros assuntos.
Fonte: http://www.ieb.usp.br/online/telaSubCateg.asp?id=23

quarta-feira, 26 de maio de 2010

CONCEITO DE JUSTIÇA HISTÓRICA

O Judiciário e a Justiça Histórica

Uma inflexão na jurisprudência do STF de respeito ao pluralismo e aos direitos humanos pode implicar o regresso do Estado patrimonialista, o acirramento da discriminação anti-negros e a conflagração de novos conflitos fundiários, num país com histórica concentração de terras em poucas mãos.
Os últimos oito anos tiveram um significado especial na história do Brasil: o país assumiu finalmente a sua estatura mundial e passou a atuar em função dela. Isto teve um impacto significativo tanto no plano internacional como no plano interno. No plano internacional, o país passou a pensar e a agir por si, com um sábio equilíbrio entre o imperativo de não criar rupturas no sistema mundial e regional e a determinação em explorar ao máximo a margem de manobra deixada pelas continuidades. O big brother do Norte foi simultaneamente respeitado e deixado à distância (as teses mangabeirianas permaneceram, felizmente, muito minoritárias) .

No plano interno, acelerou-se a longa transição do Estado patrimonialista para o Estado democrático, por três vias principais: reforço do contrato social através de transferências de rendimentos para as classes populares (Bolsa-Família) que, apesar de não tocarem no sistema que produz a desigualdade social, foram muito significativas; inovações de participação democrática (orçamento participativo municipal, conselhos municipais e estaduais de educação e saúde; conselho de desenvolvimento econômico e social; formas novas de acesso à justiça muitas vezes protagonizadas pelo próprio judiciário); abandono do preconceito da não existência do preconceito racial (ações afirmativas, reconhecimento da diversidade étnico-cultural; Raposa Serra do Sol). Tudo isto foi possível através da reversão de um dos dogmas do neoliberalismo: em vez de um Estado fraco como condição de uma sociedade civil forte, um Estado forte como condição de uma sociedade civil forte.

Como em todas as transições, nada é irreversível no ritmo e mesmo na direção das transformações e, por isso, passos à frente podem ser seguidos por passos atrás. A sociedade brasileira corre hoje o risco de dar um passo atrás. Está para ser julgada no Supremo Tribunal Federal a Ação Direta de Inconstitucionalida de 3239, de relatoria do Ministro Cezar Peluzo. Nessa ação, proposta em 2004 pelo antigo partido da Frente Liberal (PFL), atualmente Democratas (DEM), questiona-se o conteúdo do Decreto Federal 4887/2003 que regula a atuação da administração pública para efetivação do direito territorial étnico das comunidades de remanescentes de quilombo no Brasil.

A Constituição de 1988 afirmou o compromisso com a diversidade étnico-cultural do país, com a preservação da memória e do patrimônio dos “diferentes grupos formadores da sociedade” e reconheceu a propriedade definitiva dos “remanescentes de comunidades de quilombos” às terras que ocupam. A primeira regulamentação somente veio a ocorrer em 2001, exigindo, no entanto, a comprovação da ocupação desde 1888 para garantia do direito: era mais rigorosa, por exemplo, que os requisitos estabelecidos para usucapião e mantinha o conceito colonial e repressivo, presente no regulamento de 1740. Não à toa o decreto não se manteve, por inconstitucionalida de flagrante, com pareceres vinculantes da própria Advocacia Geral da União.

A nova regulamentação, que agora é atacada, veio em 2003 e tem como parâmetros os instrumentos internacionais de direitos humanos, que prevêem a auto-definição das comunidades e a necessidade de respeito de suas condições de reprodução histórica, social e cultural e de seus modos de vida característicos num determinado lugar. Está conforme a jurisprudência da Corte Interamericana que reconhece a propriedade para as comunidades negras, em decorrência do art. 21 da Convenção Americana, e também segue a orientação da OIT, que entendeu-lhes aplicável a Convenção nº 169, destacando a especial relação com as terras que ocupam ou utilizam para sua cultura e valores espirituais. Ambos os tratados de direitos humanos foram firmados pelo Brasil. Uma inflexão na jurisprudência do STF de respeito ao pluralismo e aos direitos humanos pode implicar o regresso do Estado patrimonialista, o acirramento da discriminação anti-negros e a conflagração de novos conflitos fundiários, num país com histórica concentração de terras em poucas mãos.

Nesta ação inúmeras organizações da sociedade civil, assim como os Estados do Pará e do Paraná apresentaram petições de Amicus Curiae para debater o tema. Diante da magnitude e controvérsia social do tema, pediram aos Ministros do STF que fosse realizada uma audiência pública. Esse requerimento ainda não foi apreciado pelo STF. Uma audiência pública para maiores esclarecimentos, tal como ocorreu nas ações afirmativas, células-tronco e anencefalia, seria muito importante. O atual momento de otimismo nacional, para ser verdadeiramente criador de futuro, deve ser partilhado por todos e sobretudo por aqueles a quem, no passado, foi negado o futuro. Nisto reside a justiça histórica.

Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal).

( publicado em Carta Maior)

domingo, 16 de maio de 2010

Da Lei Áurea à Lei de Cotas

Luciana Figueiredo

Treze de maio traição,

liberdade sem asas

e fome sem pão

Liberdade de asas quebradas

como

........  este verso.

Liberdade asa sem corpo:

sufoca no ar,

se afoga no mar.

Treze de maio – já dia 14

o Y da encruzilhada:

seguir

banzar

voltar?

Treze de maio – já dia 14

a resposta gritante:

pedir

servir

calar.

Os brancos não fizeram mais

que meia obrigação

O que fomos de adubo

o que fomos de sola

o que fomos de burros cargueiros

o que fomos de resto

o que fomos de pasto

senzala porão e chiqueiro

nem com pergaminho

nem pena de ninho

nem cofre de couro

nem com lei de ouro.

.............................................

que o que temos nós lutamos

para sobreviver

e também somos esta pátria

em nós ela está plantada

..........................................

e então vamos rasgar

a máscara do treze

para arrancar a dívida real

com nossas próprias mãos.

(Oliveira Silveira, 1970)

O objetivo desse texto é refletir sobre o marco histórico que foi a abolição da escravatura e fazer um comparativo entre a situação dos negros após a abolição e na atualidade.

O Brasil foi o último país a abolir a escravidão, em 13 de maio de 1988, não à toa vemos até hoje a desigualdade racial existente no país. Em virtude do crescimento do movimento abolicionista, porém, muitos escravos já haviam sido alforriados. O tráfico de escravos havia terminado efetivamente em 1850 e em 1831 haviam sido considerados livres os negros que desembarcassem no Brasil. A Lei Áurea (1988) foi, ainda, precedida pela Lei do Ventre Livre (1871) e pela Lei dos Sexagenários (1885), que buscavam, em meio a conflitos entre escravos e senhores, “manter a grande produção agrícola e preservar a ordem social” (DALBERT JR., p. 21). Anteriormente, a Lei nº 601/1850 (Lei de Terras) já havia dificultado o acesso à terra, proibindo as ocupações. De acordo com Campos, o procedimento “economicamente era vantajoso, pois o Estado se obrigava a indenizar os proprietários pelas perdas, se houvesse mudança no sistema produtivo” (p. 41).

Vieram para o Brasil para serem escravos, cerca de 4 milhões de negros, de acordo com Deursen. Os ex-escravos, após a abolição, seguiram caminhos diversos, “massas de alforriados (...) deslocaram-se para as cidades ou para os quilombos periurbanos ou rurais” (DEURSEN, 2009, p. 32). Em comum, apenas a condição em que se encontravam: livres, mas sem lugar para morar, sem roupa e vestidos com trapos. Dependendo da área em que atuavam foram inseridos de forma diferente na sociedade. Os que dominavam um ofício tinham a vantagem de ter clientes, outras como as escravas domésticas continuaram a trabalhar para as antigas patroas.“A esperança que trouxe a ‘lei Áurea’ foi a de não saber o destino do negro que, embora livre das torturas ficava desde esta data, no mais completo abandono e espoliado em tudo”. (LEITE, apud PEREIRA, 2008, p. 32).

Os negros não foram objeto de políticas de inclusão no Brasil, ao contrário, o que se desejava e o que se fez foi a substituição da mão-de-obra negra pela de imigrantes europeus, que começaram a chegar ao Brasil mais de 30 anos antes da Abolição. O objetivo, além da modernização das técnicas agrícolas, era o embranquecimento da população.

Segundo Pereira, “foram mais de três milhões de imigrantes em, mais ou menos, trinta anos. Aproximadamente a quantidade de negros escravos introduzidos pelo tráfico em cerca de 300 anos” (p. 29).

Para o autor, essa foi a primeira e mais duradoura política pública da república a substituição da população negra e mestiça. Com a chegada dos imigrantes, restaram aos negros os piores postos de trabalho, “a dependência social e a marginalidade” (PEREIRA, 2008, p. 30).

“E o negro ficou somente nos místeres de produtor ou assalariado ganhando misérias, pois até o que ele fazia como mestre de ofícios se foi evanescendo. Desapareceram as antigas alfaiatarias, ourivesarias e até aquilo em que a Gente Africana foi mestra no Brasil: as oficinas dos trabalhos de ferro e funilarias até as fundições” (SANTOS, apud PEREIRA, 2008, p. 30).

Pereira lembra também que na época da escravidão somente 5% dos negros eram escravos, o restante trabalhava por conta própria como escravos de ganho, pedreiros, carpinteiros, ferreiros, carroceiros, ambulantes, entre outros e os demais eram alforriados. Com a chegada dos imigrantes, os negros perderam até estes postos de trabalho.

Apesar da sobrevivência difícil alguns negros conseguiam manter alguma forma de remuneração e foram estes que criaram nas grandes áreas do país “sociedades culturais e recreativas e os primeiros círculos e grupos com o propósito de enaltecer a figura do negro” (PEREIRA, 2008, p. 30). Começaram, dessa forma, a se organizar e buscar inserção na sociedade.

Uma maior empregabilidade do negro na sociedade só pode ser notada em dois períodos: na década de 30, com a Lei dos 2/3 – que garantia aos trabalhadores brasileiros, a maioria negros, este percentual no mercado de trabalho - e entre 1967 e 1973, graças ao “incremento das forças produtivas e a ampliação das oportunidades de emprego e da qualificação profissional” (PEREIRA, 2008, p. 41). Porém, não houve políticas que dessem continuidade a esses períodos, sendo assim, continuou cabendo aos negros os piores empregos e as piores remunerações que geram até hoje conseqüências como dependências dos serviços públicos educacionais e de saúde, moradia em lugares carentes de saneamento e de urbanização e de difícil acesso, segundo o IPEA.

Apesar de constituir aproximadamente 50% da população brasileira, o negro teve ainda que enfrentar o preconceito racial além das dificuldades relativas a inserção no mercado de trabalho. De acordo com o Ipea, “as desigualdades observadas no seu processo de inclusão econômicas são não apenas como fruto de diferentes pontos de partida, mas também como reflexo de oportunidades desiguais de ascensão social após a abolição” (2008, p. 4).

Em conclusão, não podemos, ao analisar a situação atual do negro no Brasil, desconsiderar todo o contexto histórico em que está inserido. A dificuldade no acesso a empregos origina-se do baixo nível educacional da população negra. O negro, após a abolição, foi desconsiderado como mão-de-obra e deixado a sua própria sorte, enquanto a entrada de imigrantes no país era incentivada abertamente. A inserção parcial dos negros na sociedade deveu-se ao seu próprio esforço e a visão de alguns de que era necessário organizarem-se e pressionarem o Estado para que não vivessem para sempre como reféns do racismo e da desigualdade racial. Essa luta está em curso e a polêmica Lei de Cotas talvez seja o seu capítulo mais polêmico.

Referências:

CAMPOS, Andrelino. Do quilombo à favela: a produção do ‘espaço criminalizado’ no Rio de Janeiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.

DALBERT JR., Robert. Guerra de versões. Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 3, n. 32, maio 2008, p. 21.

DEURSEN, Felipe van. Povo marcado. Aventuras na História, ed. 70, maio 2009.

IPEA. Desigualdades raciais, racismo e políticas públicas: 120 anos após a abolição. Brasília, 2008. Comunicado da Presidência n. 4. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/pdf/desigualdaderaciais_abolicao.pdfAcesso em: 28 abr. 2010.

PAIXÃO, Marcelo; CARVANO, Luis M. (Orgs.). Relatório anual das desigualdades raciais no Brasil. Rio de Janeiro: Garamond, 2008. Disponível em: http://www.laeser.ie.ufrj.br/pdf/RDR_2007-2008_pt.pdf. Acesso em: 06 maio 2010.

PEREIRA, Amauri Mendes. Três impulsos para um salto. In: Trajetória e perspectivas do movimento negro brasileiro. Rio de Janeiro: Nandyala, 2008. p. 25-87.

THEODORO, Mário (Org.). As políticas públicas e a desigualdade racial no Brasil 120 anos após a abolição. Brasília: Ipea, 2008. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/livros/Livro_desigualdadesraciais.pdfAcesso em: 06 maio 2010.