Seja bem-vindo a esse espaço no qual se pretende multiplicar conhecimentos pertinentes ao continente africano e de sua diáspora no Novo Mundo. É reconhecida a necessidade das trocas de saberes e a socialização do conhecimento na área da História, com vistas ao desenvolvimento das atividades de ensino e pesquisa na busca da inclusão de temas que contribuam para a compreensão da multiplicidade das experiências humanas e a criticar estereótipos organicamente naturalizados.



domingo, 11 de abril de 2010

Afro-descendente

Ter recebido o convite de participar deste blog, fez lembrar a minha trajetória até convencer-me da minha negritude. O poema abaixo, da autoria de Manoel Herculano, fala exatamente desse momento de descoberta de uma afro-ancestralidade.

Afro-descendente (Manoel Herculano)

Dia desses eu acordei e me senti assim, como direi, um tanto afro-descendente

Isto, antes de supor que, acima de qualquer cor, sou gente
Sei lá, eu me sentia meio escuridão, meio excluso, meio eclipse
Faltando mais que um botão, um parafuso, talvez alguns chips
Coisas de quem faz confusão entre pessoas especiais e pessoas VIPs
E quando me olhei no espelho, um sorriso
O bastante para perceber o quanto tal questionamento era impreciso
Eu sou muito mais que um "pretinho básico", ou um "pão ázimo"
Não sou mágico, na verdade eu sou algo assim equivalente ao máximo.
Racismo já deu, e entre trevas e reservas, eu sou mais eu
E para quem não consegue me digerir, que também não tente me diminuir
Pois ouvirá em cima da hora: sai fora, vai ver se eu estou em Angola!
Será mesmo que só é legal ser negão no Senegal?
Eu não sou "escurinho" nem "uma pessoa de cor"
Também não precisa me chamar de "meu branco", muito menos de "doutor"
Eu não quero mudar de cor só por ter, eu quero ser
Quero conviver com todas as raças, sem dono, com todas as cores
Andar livre nas praças, no colorido do outono, na primavera dos amores
Podem me chamar de moreno, mulato, pedaço de mau caminho, gato
No samba, no bolero ou no forró, eu tolero sem dó, até cor de jambo
Mais que isso é insulto, aí eu fico muito puto e esculhambo
Porque pano é pano, tecido é tecido, e mulambo é mulambo.
Todos somos criaturas, branca ou negra, a raça é uma mistura
Eu sou negro, e se aos seus olhos não pareço um "deus grego"
Mas posso ser um "deus" africano, maranhense, indiano
E acima de todo esse blá blá blá, sou capaz de amar, sou brasileiro
E as cores do Brasil, feito um céu azul-anil, embelezam o mundo inteiro
Quanto à raça, tanto a minha, a sua, a do índio, a da cigana
Olha que graça, não tem drama, é uma só, a raça humana!

Fonte: http://manoelherculano.blogspot.com/2009/01/afro-descendente.html

Um comentário:

  1. eu não achei nada do que eu queria muito bem palmas palmas pra voceis!!!!

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