Seja bem-vindo a esse espaço no qual se pretende multiplicar conhecimentos pertinentes ao continente africano e de sua diáspora no Novo Mundo. É reconhecida a necessidade das trocas de saberes e a socialização do conhecimento na área da História, com vistas ao desenvolvimento das atividades de ensino e pesquisa na busca da inclusão de temas que contribuam para a compreensão da multiplicidade das experiências humanas e a criticar estereótipos organicamente naturalizados.



quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Diretoria do Centro Cultural José Bonifácio quer mudança de nome

Considerado o espaço mais importante da cultura afro-brasileira, o Centro Cultural José Bonifácio, localizado numa das primeiras escolas públicas da América Latina, solicitado por D. Pedro II, que ganhou doações para fazer monumentos após a guerra do Paraguai, é tão cheio de histórias e projetos.
Teve como origem o projeto ZUMBI, que existia na Secretaria de Cultura, com o objetivo de levar para as escolas a contribuição do negro no Estado brasileiro. Somente, por volta dos anos de 1986 / 87, esse projeto tomou corpo e logo se via a necessidade de ter um espaço próprio. Foi nessa época que resolveram criar o centro, aproveitando a oportunidade em que o espaço da escola pública fechada desde a década de 70, numa decadência de abandono e ruína, fosse hoje o Centro Cultural José Bonifácio.
De acordo com o gestor do centro cultural, Amaury Oliveira da Silva, o maior erro foi manter o nome José Bonifácio nesse projeto. Pois, atualmente, o grande desafio deste
centro cultural é a mudança de nome e transformar o centro em referência, como centro de documentação e memória, efetivamente em centro de referência da cultura negra.
Mudança de nome porque o Patriarca da Independência, José Bonifácio, que lutou contra a abolição, porém, no sentido de desenvolvimento do país pregava o embranquecimento da
sociedade brasileira através da vinda dos europeus para a mão de obra qualificada. Ele defendia a teoria racista que, naquela época, dizia que o negro não tinha alma e nem
raciocínio. Ou seja, quando Bonifácio incentivava a trazer essa mão de obra européia era no sentido do embranquecimento da etnia. “Dentro da perspectiva de que o negro era quase um animal irracional não faz sentido, hoje, manter o nome José Bonifácio dentro de um centro cultural de referência da cultura negra”, observa Amaury. Por isso, será criada uma comissão, na qual escolherão pessoas ligadas à academia, religiosidade e o saber da cultura, para propor como substituição do nome deste centro.
O centro cultural José Bonifácio tem como objetivo trabalhar dentro da cultura brasileira de matriz africana. Entretanto, há um projeto ainda a ser realizado, na criação de uma lei, que coloca no currículo escolar a importância da contribuição negra na formação do Estado brasileiro. Com isso, haverá um curso de história da África voltado, em geral, para o público e também professores que terão informações necessárias para aplicar no dia-a-dia nas salas de aula.
Nele são oferecidos, gratuitamente, oficinas, entre elas dança afro-brasileira, capoeira angolana e regional, caratê, dança de salão para terceira idade, dança do ventre, oficina artesanato com material de reciclagem, bijuterias, cursos de teatro, escola de música erudita que ensina violino e violão, canto coral e outras. Além disso, a partir de outubro, terá dança de ritmo afro-latina, cursos de desenhos técnicos e, através de algumas parcerias com a Associação de Mulheres Empreendedoras do Brasil e a Ação Comunitária do Brasil do Rio de Janeiro, o centro oferecerá também cursos de almoxarifado e auxiliar de escritório, aulas de percussão, reparos instrumentais e chapelaria para pessoas acima de 16 anos.
No meio de tantos projetos, desafios e objetivos, o centro, situado em um lindíssimo prédio com fachadas de pedras colocadas pelas mãos dos escravos do Brasil Colonial e que possui tombamento histórico reconhecido, deveria ser mais valorizado pelos órgãos competentes, que poderiam restaurar o prédio de forma merecida.
Contudo, os moradores ao redor do José Bonifácio que queiram participar desses projetos, é só comparecer ao centro, aberto todos os dias da semana, com uma foto 3x4,
comprovante de residência e identidade. E para as pessoas que gostariam de conhecer e saber um pouco mais da cultura afro-brasileira, basta agendar uma visita com antecedência para ter o privilegio de uma visita guiada por um dos funcionários que lá trabalham.
Telefone para contato: 2233-7754 ou através do e-mail: ccjbonifacio@pcrj.rj.gov.br.
O Centro Cultural José Bonifácio fica localizado na Rua Pedro Ernesto, 80 – Gamboa.

Fonte: http://www.jornalfolhadocentro.com.br/index4.php?edicao=169&pagina=3&id_noticia=505

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