Seja bem-vindo a esse espaço no qual se pretende multiplicar conhecimentos pertinentes ao continente africano e de sua diáspora no Novo Mundo. É reconhecida a necessidade das trocas de saberes e a socialização do conhecimento na área da História, com vistas ao desenvolvimento das atividades de ensino e pesquisa na busca da inclusão de temas que contribuam para a compreensão da multiplicidade das experiências humanas e a criticar estereótipos organicamente naturalizados.



quarta-feira, 5 de maio de 2010


Clementina de Jesus da Silva, a nossa Rainha Quelé nasceu em Valença no Estado do Rio de Janeiro, no início do século XX, em 1901.
Trabalhou em casa de família durante a maior parte de sua existência. Até que foi convidada a integrar o show O MENESTREL em 1964 por Hermínio Bello de Carvalho que no ano seguinte a convidou à participar de um novo evento, o show ROSA DE OURO. Já em 1966 fez parte dos artistas que foram ao FESTIVAL MUNDIAL DE ARTE NEGRA em Dacar.
Durante sua carreira, lançou 13 Lps entre 1965 com Rosa de Ouro e 1984 com Partido Alto Nota 10 .
Infelizmente Clementina nos deixou em 19 de julho de 1987 .Ela foi uma ativista na questão da resistência e resgate das características , símbolos e tradições da cultura afro-brasileira .

Aqueles que apreciam música de qualidade , não podem deixar de ouvir e se deliciar com o CD Clementina de Jesus - Clementina e convidados, que foi um LP lançado em 1979 e com a produção de Fernando Faro. São vários sambas – do samba rural ao partido alto, passando importantíssimas mensagens , inclusive de cunho social , (ressaltando que estávamos na década de 70 em pleno governo militar) com a música de Martinho da Vila e interpretação da Rainha Quelé como também Clementina é conhecida com o próprio autor da música. Assim não Zambi, retrata a dificuldade de se viver tanto parte social quanto o econômico, a violência, a pobreza enfim a negligência dos políticos perante a maior parcela étnica da sociedade ; a negra.
Temos um magnífico dueto de Clementina com Clara Nunes , com a mensagem envolvente de Embala Eu , autoria de Albaléria, que traz na sua musicalidade os sons dos orixás, através dos tambores , das palmas de mão, pedindo a benção e a proteção de uma ou senão da mais famosa Yalorixá do Brasil, Mãe Menininha do Gantois.
Não poderia faltar um descontraído , samba de partido alto com o nosso querido Roberto Ribeiro, com a música Cocórocó ,de Paulo da Portela (Paulo Benjamim da Portela), uma personalidade do âmbito do samba que proporcionou a propagação da cultura negra no Brasil e no mundo também. Papel Reclame (Nelson sargento e Marreta) aborda um tema muito conhecido, quem nunca foi vítima da famosa e temida fofoca, mexerico ?
Já em Torresmo à Milanesa (Adoniran Barbosa e Carlinhos Vergueiro), vemos o cotidiano de trabalhadores, mais uma dificuldade sócio-econômico, o baixo salário que mal podem sustentar sua família, a vida de precariedades vem à tona. Essa era e continua sendo a cara do povo brasileiro...
Encontraremos neste disco mais preciosidades como:
D. Ivone Lara – Sonho Meu (D. Ivone Lara e Délcio Carvalho)
Cristina Buarque – Tantas você fez (Candeia)
Clementina de Jesus – Olhos de Azeviche (Jaguarão)
Clementina de Jesus – Laçador (C. de Jesus e Catoni)
Clementina de Jesus – Na hora da sede (Luiz Américo e Braguinha)
Clementina de Jesus – Caxinguelê das crianças (José Ventura)
Enfim os sambas interpretados falam de temas que fazem parte da cultura e da sociedade brasileira, como os sentimentos de amor e dor, a religiosidade afro-brasileira, os problemas sócio-econômicos, a malandragem, etc.
Sempre que puderem ouçam a voz inconfundível da nossa diva Clementina de Jesus.
Benção !!!!

Maria Angélica Ventura Ferreira

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